sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Discussão II – Será que Platão sabia mesmo das coisas ou ele era mais um chato que complicou o amor?

É muito sabido que ele gostava de um vinho, então de todo ruim já sabemos que ele não era.
No discurso “O Banquete” Platão nos permitiu ter uma outra consciência sobre o Amor. Ah o Amor! Muito antes de toda essa ideia romântica sobre o que é o amor, Platão dizia que o amor é a idealização de algo que nos falta e que temos a ideia de que exista no outro, ou seja, o amor é o amor pela falta. E você aí pensando que era uma coisa romântica né, coitado! O romantismo não tem vez na filosofia, a não ser em caras como Stendhal e Kierkegaard, tudo que se refere ao amor em Platão é mais racional do que romance.
Como todos sabem Platão é considerado por muitos como um dualista, um daqueles caras que dividem o mundo em duas partes como quem define o mundo entre quem bebe de verdade e quem bebe leite com pera.
Para ele há dois mundos, o mundo dos que bebem é aquele mundo onde as ideias correm soltas, é o mundo da realidade das coisas. E o mundo de quem bebe leite com pera, que aquele mundo das aparências, das ilusões, onde as coisas parecem ser o que são, e apenas parecem.
Se trouxermos essa ideia para a forma como vemos o amor encontramos Eros, que é o amor de Platão. Vamos tentar ver isso dividindo nossas vidas em duas vidas. A primeira parte dela, que seria a adolescência, é a parte do Leite com pera, uma vida de ilusão, uma vida em que você deseja tudo aquilo que falta, ama outra pessoa porque deseja o que há nela e que falta em você, o ser amado.
A segunda vida, que nesse caso seria a vida adulta. É babe, essa é a vida em que a realidade chama, clama, onde a razão fala mais alto que o desejo! Nem sempre.. Essa é a fantástica vida dos bebedores, dos bons bebedores!
Bebedores de leite com pera, imaginam as coisas como uma criança imagina que um conto de fadas é real, e essa é a graça para eles. Não! Não pense que concretizar esse desejo seria um sonho realizado para os Bebedores de Leite com Pera! Talvez no início fosse um sonho realizado, ter o seu amado ao seu lado, tomando chop e comendo batata frita, mas depois... o lance tá sempre no depois, se tornaria realidade, e a realidade acaba com qualquer sonho. Porque no sonho qualquer coisa é possível, na vida real nem tudo cabe.
Existe na atualidade uma cultura da insatisfação, onde ninguém se sente completo com aquilo que tem, porque o grande lance é querer sempre a sensação da conquista. Como se vivêssemos em constante busca de outro algo ou alguém, pois o movimento de estar sempre buscando é mais excitante do que apreciar o que foi conquistado. Se na nossa cultura conquistar algo fosse o ápice, cada um ficaria feliz com aquilo que tem. Assim um celular bastaria, uma calça jeans bastaria, uma selfie bastaria, uma única pessoa com dividir a vida, ou a cama, bastaria.
Essa cultura promove um espetáculo 24 horas dia, basta olhar os sites de redes sociais para ter a prova, e se algo não mais te satisfaz, você descarta. A rede social reflete exatamente o nosso conceito de relacionamento do nosso tempo, você não quer, não curte, você não quer, não bloqueia, você não quer, não segue. As ferramentas estão ao alcance das nossas mãos, nos permitindo ter a sensação de que controlamos todos os aspectos da nossa vida. Será que essas ferramentas não são a nossa válvula de escape para aquilo que não podemos fazer na realidade e realizamos na vida virtual?
Eu já não sei se são as ideias ou se é a cerveja, mas a impessoalidade está implícita a essa nova era, como se as pessoas com quem nos relacionássemos não existissem na realidade, assim não se magoa, nem é magoado?
Acho que é por isso que a gente gosta tanto das redes sociais...só não sabemos dizer ao certo se é porque ela nos tira a responsabilidade sobre os nossos atos ou se é porque nos permite sonhar enquanto estamos acordados, ou será as duas coisas ao mesmo tempo?


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