A cidade em
festa e você aí, um cidadão comum, um nada no mundo aguardando – após ver
tantas obras, transito caótico em sua cidade – tudo que você quer é invadir a
festa e “dominar geral”. Sim! Mas não pense que essa festa rave é sua, não pense que você vai chegar com uma garrafa de bebida
da moda, tirando onda, que vai descolar uma dança louca com os amigos e curtir.
Não! Não pense, pois, dessa festa o que será seu é apenas a fatura no final.
Em grandes
eventos, em cidades turísticas quase sempre é assim, o cidadão não é a parte principal,
não é o foco.
Em
contrapartida a sociedade brasileira vive um momento crítico de crise política
e econômica. E no meio da festa quiseram se fazer ouvir. Enquanto isso o mundo
desembarcava em terras tupiniquins. Os convidados assistiram uma festa linda,
porém assistiram também a passividade brasileira diante da falta de liberdade
de expressão.
A ideia é a seguinte:
Se é festa não há espaço para falar de política. Silêncio, precisamos festejar!
Hannah Arendt
já chamava atenção para a liberdade da manifestação política no espaço público.
Sendo assim, se para Arendt a política é inerente ao ser humano, abdicar desse
direito seria equiparado a deixar de existir no mundo.
O esporte
revela um singular sentido de existir. O atleta vivencia cada segundo no seu
caminho de luta para chegar ao objetivo final.
Querer
construir um país melhor com “castelos de areia” é incompatível com a lição que
o esporte nos dar. E acima de tudo as histórias que cada atleta pode
representar contando a trajetória dura de cada dia. O que não representa apenas
aquele dia na festa.
No entanto,
para os donos da festa o gelo derrete mais não acaba. O dinheiro público está
aí para isso, é só buscar mais e mais gelos e dizer que esse é o legado
olímpico.
O que importa
é mostrar para o mundo que somos capazes. Mesmo que ainda seja mentira.
Texto: Aline Soares.
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