Essa é a parte da festa que
requer mais atenção, pois se trata aqui de abordar a inclusão social. Nesse
momento os “donos da festa” querem dizer que além de unir todos os povos a uma
cidade com seus cidadãos, também querem incluir aqueles que são excluídos pela
estrutura social capitalista-individualista.
A tendência é mostrar que os
paratletas como verdadeiros heróis – calma, reconheço as histórias de superação
deles. Quero, aqui, chamar atenção para o mundo da fantasia, a tentativa de se
colocar romantismo na realidade. Porque, na vida real dessas pessoas, a cidade,
não contém quase nada de acessibilidade e inclusão. Fora do campo protetor do
espetáculo e da festa, tudo é cinza, os obstáculos contradizem a alegria do
evento.
Fiquei pensando se deveria citar
Nietzsche, então me lembrei de que a metafísica alemã é o resultado da cerveja.
Então cabe!
O herói do espetáculo não é o
super-homem de Nietzsche.
Quando falamos em esporte também
falamos em educação e nesse sentido o super-homem de Nietzsche quer dizer
transformação, superação de valores acima dos dogmas.
E eu digo: Não espere ser um
cadeirante para entender a necessidade do outro. O mundo
capitalista-individualista quer cidadãos incapazes de olhar para o lado;
seguidores de uma bandeira que não é bandeira nenhuma; um rótulo não pensante
que acha tudo bonito na superfície.
Será que Nietzsche está certo e
nós estamos presos à cadeira de rodas do individualismo, à cegueira dos dogmas,
à incapacidade intelectual de pensar coisas novas? Será que estamos surdos de
tanto ouvir o mesmo refrão?
Vamos beber um pouco mais de
cerveja! E transpor as ilusões desse mundo simplista. Vamos beber! Mas, se
beber, não dirija! Não se case! Não faça sexo sem camisinha! (esse último é
assunto para Schopenhauer).
Enquanto espero a saideira fico
observando a foto do ex-bbb que agora é cadeirante e paratleta e a foto dos
embaixadores dos jogos que foram retratados como se fossem paratletas. E penso se
a sociedade faz da paisagem um espelho encantado que reflete o que queremos ver
ou, se o nosso olhar é forçado a enxergar aquilo que devemos reconhecer como verdade.
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