quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Os donos da festa: Paralimpíadas rio 2016.

Essa é a parte da festa que requer mais atenção, pois se trata aqui de abordar a inclusão social. Nesse momento os “donos da festa” querem dizer que além de unir todos os povos a uma cidade com seus cidadãos, também querem incluir aqueles que são excluídos pela estrutura social capitalista-individualista.
A tendência é mostrar que os paratletas como verdadeiros heróis – calma, reconheço as histórias de superação deles. Quero, aqui, chamar atenção para o mundo da fantasia, a tentativa de se colocar romantismo na realidade. Porque, na vida real dessas pessoas, a cidade, não contém quase nada de acessibilidade e inclusão. Fora do campo protetor do espetáculo e da festa, tudo é cinza, os obstáculos contradizem a alegria do evento.
Fiquei pensando se deveria citar Nietzsche, então me lembrei de que a metafísica alemã é o resultado da cerveja. Então cabe!
O herói do espetáculo não é o super-homem de Nietzsche.
Quando falamos em esporte também falamos em educação e nesse sentido o super-homem de Nietzsche quer dizer transformação, superação de valores acima dos dogmas.
E eu digo: Não espere ser um cadeirante para entender a necessidade do outro. O mundo capitalista-individualista quer cidadãos incapazes de olhar para o lado; seguidores de uma bandeira que não é bandeira nenhuma; um rótulo não pensante que acha tudo bonito na superfície.
Será que Nietzsche está certo e nós estamos presos à cadeira de rodas do individualismo, à cegueira dos dogmas, à incapacidade intelectual de pensar coisas novas? Será que estamos surdos de tanto ouvir o mesmo refrão?
Vamos beber um pouco mais de cerveja! E transpor as ilusões desse mundo simplista. Vamos beber! Mas, se beber, não dirija! Não se case! Não faça sexo sem camisinha! (esse último é assunto para Schopenhauer).
Enquanto espero a saideira fico observando a foto do ex-bbb que agora é cadeirante e paratleta e a foto dos embaixadores dos jogos que foram retratados como se fossem paratletas. E penso se a sociedade faz da paisagem um espelho encantado que reflete o que queremos ver ou, se o nosso olhar é forçado a enxergar aquilo que devemos reconhecer como verdade.

Texto: Aline Soares.

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