sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Entre as provas e a convicção (ou) um desejo pela verdade.


Um representante do poder judiciário brasileiro, que pretende prender um conhecido líder político, disse em uma coletiva de imprensa ao justificar a denúncia não ter provas cabais para tal feito. Enquanto um outro promotor dizia ter convicção do crime de lavagem de dinheiro e que tudo levava a acreditar que o tal político seria o protagonista do esquema. E para que a falta das provas cabais não parecesse fragil na denúncia, eles usaram slides para serem didáticos na apresentação. 

A partir disso somos imediatamente levados a pensar na verdade em contrapartida com a ilusão. Por exemplo, o que me faz acreditar que é a cevada quem reúne os amigos? Quem pode provar que é a Itaipava  a causadora dos piores desarranjos intestinais da nossa vida?

Como disse antes, o procurador do MPF, não apresentou a prova do crime, mas ele  apresentou slides que desenhava todo um esquema de corrupção com gráficos que apontavam para um único culpado, o líder político amado e odiado pelo povo.

Hum! Não é o nosso tira gosto chegando... Mas esse assunto de advogado, político, slides, conspiração me fez lembrar Bacon e Descartes.

Os métodos dedutivos e indutivos citados por esses filósofos acima, isso tudo, parece C.S.I ou um anúncio de refrigerante.
Seria assim:
toda alegria possui refrigerante.
Todos os humanos são alegres.
Logo, todos os humanos bebem refrigerante. 
Porém eles caíram no sofismo e ficou assim:
Os corruptos tem slides.
Lula tem slides, logo Lula é corrupto.

A base do crime estava num insight (intuição), não, digo, num slide. E aparentemente essa era a grande prova da convicção da verdade.

Todos nós precisamos da verdade. A verdade nos faz acreditar e confiar que a cerveja estará gelada e ao abrir a garrafa ela não será tomada pelo gelo. (Não existe método científico que justifique esse erro).

Dessa forma criamos a desilusão.

O único palco que admite a ilusão é o teatral. Pois a mentira anunciada é aceita tranquilamente pelo espectador.

Quando a ilusão é política, jurídica ou, quando se trata de uma conspiração, a única opção é classificar o feito como uma infiel demonstração da realidade, ou seja, uma farsa, uma grande mentira.
Mesmo que a nossa sede de justiça aceite algumas inverdades para fugir do vazio da dúvida cedo ou tarde a farsa será descoberta.
E a historia conta o quanto usamos desses artifícios para fazer as guerras, exterminar outros povos e raças tomando uma boa dose de justificativas e convicção.

Aline Soares.

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